(grande parte desta história passa-se em São Jorge)
... em que me sinto cansado de ver tanta asneira, tanta injustiça, tanto compadrio, amiguismo, cunhice, mesquinhice e outros géneros de filha-da-putice.
Há dias em que me apetece desligar o cérebro e deixar de me importar com coisas com que me importo todos os dias, por não conseguir passar ao lado deste género de situações.
Há dias em que pagava para deixar de pensar durante algum tempo, algumas horas, poucas, não seriam preciso muitas, só algumas.
Há, por isso, dias em que não me sinto como gosto de me sentir e nada que faça altera o sentimento de que não me sinto bem como gostaria de sentir.
Há dias em que me lembro vezes sem conta do “João dos Pés Grandes”.
Nunca falei com o João dos Pés Grandes, mas lembro-me dele desde pequeno.
Homem grande, enorme, com pés a condizer. Bruto como as coisas brutas, labrego, inculto, ignorante, mas feliz.
Contradição? Nem pensar nisso é bom.
O João dos Pés Grandes teve um filho. Idade? A minha, menos 7 ou 8 anos. Não mais. Asseguro que não mais.
O João (a quem nunca ouvi tratar por Senhor) nunca ligou à rádio, à televisão, muito menos aos jornais. Não lia , não conhecia as letras, mal sabia o seu verdadeiro nome. Mais facilmente atendia por João dos Pés Grandes, do que por João (vá-se lá saber o resto do nome).
Um dia, um dia como outro qualquer, daqueles dias em que não se dá por nada, que parece igual a qualquer outro dia dos dias da vida de alguém que mal sabe que está neste mundo... um dia, o filho do João (sim, o dos Pés Grandes) ouviu (na televisão) falar do mundo.
E como bom filho, achou que só o pai lhe poderia explicar o que seria tal coisa: o mundo, que raio, o mundo. Mundo? Isso, o mundo, nome estranho para dar a alguma coisa...
O filho do João (o tal dos Pés Grandes) perguntou então ao pai “o que é o mundo?”
E o João (dos Pés Grandes) não demorou muito a reagir:
Pôs o braço (o direito, claro que o direito, porque eu incapaz de pôr outro braço que não o direito, por cima de qualquer pessoa de quem realmente goste, e o João assumo por princípio que gostava do filho como qualquer pai gosta do(s) filho(s)) por cima dos ombros do filho, se calhar pela primeira vez, e de homem para homem (talvez menos do que pai para filho) disse:
- Olha filho, o mundo... bem, o mundo é o Pico... o Faial... e a gente aqui.
Rezam as crónicas que o filho do João (dos Pés Grandes) assumiu de bom grado e como verdade absoluta, os argumentos paternos.
Há dias em que não consigo deixar de me roer de inveja do João (que nunca se há-de livrar dos Pés Grandes, valha-me isso)
Há dias em que me apetece desligar o cérebro e deixar de me importar com coisas com que me importo todos os dias, por não conseguir passar ao lado deste género de situações.
Há dias em que pagava para deixar de pensar durante algum tempo, algumas horas, poucas, não seriam preciso muitas, só algumas.
Há, por isso, dias em que não me sinto como gosto de me sentir e nada que faça altera o sentimento de que não me sinto bem como gostaria de sentir.
Há dias em que me lembro vezes sem conta do “João dos Pés Grandes”.
Nunca falei com o João dos Pés Grandes, mas lembro-me dele desde pequeno.
Homem grande, enorme, com pés a condizer. Bruto como as coisas brutas, labrego, inculto, ignorante, mas feliz.
Contradição? Nem pensar nisso é bom.
O João dos Pés Grandes teve um filho. Idade? A minha, menos 7 ou 8 anos. Não mais. Asseguro que não mais.
O João (a quem nunca ouvi tratar por Senhor) nunca ligou à rádio, à televisão, muito menos aos jornais. Não lia , não conhecia as letras, mal sabia o seu verdadeiro nome. Mais facilmente atendia por João dos Pés Grandes, do que por João (vá-se lá saber o resto do nome).
Um dia, um dia como outro qualquer, daqueles dias em que não se dá por nada, que parece igual a qualquer outro dia dos dias da vida de alguém que mal sabe que está neste mundo... um dia, o filho do João (sim, o dos Pés Grandes) ouviu (na televisão) falar do mundo.
E como bom filho, achou que só o pai lhe poderia explicar o que seria tal coisa: o mundo, que raio, o mundo. Mundo? Isso, o mundo, nome estranho para dar a alguma coisa...
O filho do João (o tal dos Pés Grandes) perguntou então ao pai “o que é o mundo?”
E o João (dos Pés Grandes) não demorou muito a reagir:
Pôs o braço (o direito, claro que o direito, porque eu incapaz de pôr outro braço que não o direito, por cima de qualquer pessoa de quem realmente goste, e o João assumo por princípio que gostava do filho como qualquer pai gosta do(s) filho(s)) por cima dos ombros do filho, se calhar pela primeira vez, e de homem para homem (talvez menos do que pai para filho) disse:
- Olha filho, o mundo... bem, o mundo é o Pico... o Faial... e a gente aqui.
Rezam as crónicas que o filho do João (dos Pés Grandes) assumiu de bom grado e como verdade absoluta, os argumentos paternos.
Há dias em que não consigo deixar de me roer de inveja do João (que nunca se há-de livrar dos Pés Grandes, valha-me isso)
1 comentários:
Pois é caro Zirigunfo quem tem uma cosciência mais alargada e é mais informado, e ainda por cima se indigna com o que se passa nesta nossa praça (compadrios, cunhas e afins), vive, infelizmente, mais angustiado do que o tal Zé pés grandes e seu filho.
A ignorância, nestas coisas, tem a virtude de trazer felicidade.
Um abraço e não pare de se indignar....e publicar, quem sabe
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