Há coisas que nos transcendem. E esta é uma delas.
Pelo menos, transcende-me a mim.
Recentemente vi uma notícia no Jornal da Tarde do Canal 1, sobre um jovem que foi apanhado a conduzir sem carta 60 vezes. Sim, sessenta.
A peça falava do jovem e com o jovem e apresentava-o quase como uma “vítima do sistema”, isto porque a justiça portuguesa considera esta transgressão como crime, o que poderia levar o jovem a ser condenado a uma pena de prisão até 15 anos.
Na peça, o jovem mostrava-se arrependido por ter transgredido tantas e tantas vezes a lei, que mal ou bem vigora neste país.
Bom, mas na minha óptica, há aqui duas vertentes distintas.
Uma delas é a própria lei.
Realmente, parece-me desajustada esta punição tão severa de um crime que por si só não parece assim tão grave. Isto, é claro, caso dessa condução não resultem acidentes. Aí, a história é, de novo, diferente.
Por outro lado, a lei, embora possa parecer desajustada (e na minha opinião, é) existe e vigora no país.
Para além disso, o jovem não foi apanhado uma vez a transgredi-la. Longe disso. Foi apanhado 60 VEZES! SESSENTA!
É claro que nem vale a pena pensar quantas vezes terá este jovem transgredido a lei sem ser apanhado, não é? Pois é.
Mas, sinceramente... na minha opinião este jovem ou gozou à grande e à portuguesa com a lei e com as autoridades deste país e adorou fazê-lo, ou é doente mental.
Não vejo outras hipóteses plausíveis.
Que raio, 60 vezes?
E admira-se de poder apanhar uma pena de prisão, sabendo ainda por cima que o que fez (por SESSENTA VEZES) é considerado crime (60 CRIMES)?
Não colhe.
Hoje, no Telejornal do Canal 1, vi o desfecho da história. O jovem foi condenado a uma pena suspensa de 3 anos.
E claro, mostrou-se mais que satisfeito pelo facto da justiça ter sido tão branda e amigável.
Claro está que também disse que conduzir sem carta, nunca mais.
Bom, aí volto eu a pensar que quem já foi apanhado 60 vezes a cometer o mesmo crime e sabe-se lá quantas vezes transgrediu a lei, dificilmente não o voltará a fazer, mas como é lógico, também lhe dou o benefício da dúvida e faço de contas que acredito nele.
Noutra vertente, das duas vezes o Canal 1 mostrou o jovem (e o seu defensor) como “vítima do sistema” e verdadeiro candidato a figurar no Livro dos Recordes.
O facto de se ser apanhado a transgredir a lei 60 VEZES é notícia? É!
O facto de não se concordar com a lei que vigora é justificação para a transgredir? Não!
O jovem acabou por ter mais sorte que juízo? Sem dúvida alguma!
O Canal 1 fez um mau trabalho? Na minha humilde opinião, fez, ao abordar a notícia pela vertente da vitimização do “criminoso”.
segunda-feira, 7 de novembro de 2005
"Confesso que pequei... 60 VEZES!"
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