Que Deus temos nós, afinal, que não nos acode?
Deus é quem, o quê, serve quem e o quê e quando?
Que Deus é este, que deixa ou faz ou não se importa com os nossos, a família, os amigos, os próximos, os que nos dizem alguma (muita) coisa e que desaparecem assim de repente, como se nada fosse e não nos interessasse?
Quem é o gajo que manda nisto, afinal?
Que Deus é este que se lembra de dizer “ah, tu agora ficas com um cancro (cancro é, de todas as palavras, talvez (de certeza) a mais feia que eu escrevo, leio e ouço, de todas as palavras da língua portuguesa) porque apetece-me dar-t'uma coisa destas, até porque o stock é grande.?
Que raio (sim, claro, a pergunta, a estúpida pergunta que todos nós fazemos em surdina, para ninguém saber ou perceber ou ouvir que também nós pensamos nisto) fazemos nós neste mundo?
“Ah”, diz Deus, desenrasca-t'agora que tens um organismo todo marado.
Mas afinal que merda é esta?
Olha, Deus, tu... sim tu, é contigo que falo (já que dizem que estás em todo o lado), se por acaso leres isto, vai à merda, ok?
Lembro-me e apetece-me dizer-te o que se dizia na minha terra: “vai brincar com a pilinha prá areia”, em vez de brincares com a vida das pessoas.
É que as pessoas, até prova em contrário, só tem uma vida.
Já pensaste, sequer, em desmistificar isto?
Afinal, morrer é o quê?
“Opá, opá”, a sério, toma juízo: deixa de brincar connosco, ok?
Afinal, qual é a tua ideia? Toma juízo, ok?
É que nós não andamos propriamente aqui a brincar com a vida, como se tivéssemos 7.
Julgas tu o quê, afinal?
(desculpa lá, mas tratar-te por “tu” não é (para mim) depreciar-te, ok?)
(poupa-me...)