O Presidente da Câmara das Velas quer um “caminho” para a Fajã do João Dias, foi a notícia que vi e ouvi na RTP Açores.
Não percebi no entanto, que raio de caminho quer o Presidente da Câmara das Velas, mas depreendo que queira um mais largo e com condições de acesso diferentes, que dê para passar uma moto4 ou veículo do género.
Quem fez a peça disse que o Presidente da Câmara quer um caminho que melhore as condições de acesso e que melhore as condições de quem tem casa lá em baixo e quer fazer obras de melhoramento ou recuperação dessas casas.
O Presidente da Câmara disse que “as nossas fajãs são monumentos para alguns, mas para outros tem de ser locais onde a vivência própria das populações possa ter actividade” (!?!?!)
Não sei que tipo de acesso quer o Presidente da Câmara, mas para melhorar condições de acesso para transporte de materiais de construção e idosos, não estou a ver que queira única e exclusivamente melhorar o piso do caminho existente: no mínimo, quer alargá-lo para permitir que veículos cheguem lá abaixo e às tantas quer asfaltá-lo...
Dizia ainda na peça que passou na RTP A que muitos turistas chegam ao início do caminho para a Fajã e ficam sem saber se devem ou não arriscar percorrê-lo (!?!?).
Pois eu (dando a minha opinião num espaço da minha responsabilidade e para quem quiser ler) digo que:
- é esse acesso complicado que fez com que a Fajã do João Dias seja aquilo que é ainda hoje: um local do mais calmo que se pode encontrar, sem ruídos de civilização mecanizada e sem trânsito: um “monumento” como o Presidente da Câmara das Velas diz que “alguns” intitulam a Fajã;
- As casas da Fajã foram e continuam a ser recuperadas e melhoradas (com esforço, é certo) sem que para tal tenha sido necessário fazer qualquer caminho melhor do que existe;
- Não sei quantos moradores permanentes tem a Fajã, mas nunca ouvi referida a vontade desses moradores, como pretexto para fazer um caminho de fácil acesso;
- O presidente refere que a “abertura de um caminho é de interesse de toda a população”. Toda a população de onde? De São Jorge? Do concelho das Velas? Da Freguesia dos Rosais? Da Fajã do João Dias? Ou da “população” que tem umas casitas de verão para lá passar uns dias e que anda farta de andar a pé?
- Não percebo as prioridades duma autarquia que agora entende ser preciso vir para os Órgãos de Comunicação Social para tentar pressionar o governo, de forma a obter autorização para “melhorar” o caminho, quando existem tantos problemas por resolver naquele concelho.
O Presidente da Câmara das Velas diz ainda que há outras Fajãs em São Jorge que necessitam de caminhos de acesso melhorados: “Há a Fajã de Vasco Martins, no Toledo, que é precisamente a mesma coisa”...
Numa coisa, o Presidente da Câmara tem razão: “havendo vontade política, os problemas são ultrapassados”. Pena é que muitas vezes, onde não existem problemas, seja essa tal famigerada “vontade política” a criá-los para depois inventar soluções mirabolantes, como o caminho de acesso à Fajã do Calhau.
Resumindo, acho uma barbaridade autêntica, a pretensão do Presidente da Câmara das Velas, como acho uma barbaridade autêntica terem autorizado, no concelho da Calheta, o alargamento do caminho de ligação da Fajã dos Cubres à Fajã de Santo Cristo.
Afinal, quem lá “investiu” em casas de veraneio, fê-lo sem que existisse estrada para viaturas, sejam elas quais forem.
Agora, por “vontade política” de alguns e pressões de certas pessoas, a autarquia quer à força toda estragar o que São Jorge tem de melhor: Fajãs que são refúgios monumentais e indescritíveis.
É triste.
POR OUTRO LADO:
Ouvi na mesma peça “o município cumpriu com o solicitado pela Secretaria Regional do Ambiente e Mar e pediu um parecer ao LREC”Pergunto eu: Que solicitações fez a SRAM? As mesmas que fez para a abertura do caminho de acesso à Fajã do Calhau, em São Miguel?
O que levou o LREC a dar parecer negativo a este pedido? E o parecer do LREC acerca do caminho de acesso à Fajã do Calhau? Onde está? O que diz?
2 comentários:
Muito bem dito.
Na Fajã do Calhau César quis e a obra (torta) está a nascer.
Em S.Jorge César não quer e a obra não nasce.
Ou será que, agora que o PS ganhou em S.Jorge, César , agradecido, irá mandar fazer caminhos para todas as Fajãs?
Deus nos livre!
Vira essa boca para lá! - Fiat
Isso tem que parar!
S. Miguel já está irremediavelmente destruído, ainda estamos a tempo de salvar as outras! Mas creio com a secagem da fonte financeira esses problemas de “betonar” tudo e mais alguma coisa seja resolvido!
Excelente post! Aliás como já tem vindo a ser hábito!
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