Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos
onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
António Gedeão, Movimento Perpétuo
2 comentários:
algo que não tem nada haver com o tema... já viste a nova imagem da Sata? passa no meu blog. abraço
Sei da tua relação díficil com a Poesia. Ver-te revisitá-la é bom. E que magnífica lição ir buscar um professor, num momento em que estes só não receiam o ridículo. Um abraço continental.
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